Remoção

É preciso arrancar essa flor-de-lis
Marcada a ferro quente
É preciso amanhecer um novo dia
Com uma nova cicatriz
Mesmo que custe um corte rente
Aos ossos
É preciso arrancar pela raiz
E suportar uma nova dor
Superar essa marca ardente
Talvez arrancando-a do couro
Essa marca também se apague
No coração de quem a desenhou.

A ponte

não há vencedores
ou perdedores
nesse jogo dos corpos
somos artesãos
com essas ferramentas de carne
construímos juntos
poemas, pontes
poentes.

te penetro a carne
e teus gemidos penetram em mim
nenhuma distância separa o éter
(um abraço de corpos abraça o mundo)
lançamos os pés na terra
no mais profundo
raízes
nossos corpos são água
nossa sede, nossa vida
nossos olhos refletem as cores
matizes

nesse jogo de corpos
ardemos no mesmo fogo
importa saber quem o ateia?
não
à alma não interessa
saber do sangue que corre na veia
do calor da carne, da ereção
à alma interessa o que vibra
a melodia de cada som

com nossos instrumentos de carne
escreveremos canções
a cada toque de pele
encontraremos escalas
regidas por movimentos
sublinhadas por respirações
até que os anjos as ouçam
atravessem essa ponte
e unam-se a nós
no mesmo poema
no mesmo tom
no poente

Pré Venda: POEMAS CLASSIFICADOS

A intenção era difundir a literatura e fazer mais gente descobrir o gosto pela poesia.
A ideia era publicar poemas na sessão de classificados do jornal regional.
O editor aderiu. O público também!
Logo os #PoemasClassificados ganharam também as redes sociais.
Agora, viraram livro!

E é com muito orgulho que venho anunciar que está aberta a pré venda desse novo livro! E o preço é bom! Se fosse possível adquirir cada jornal onde um desses poemas coloriu a sessão de classificados, o investimento seria em torno de R$150,00. Mas isso é impossível. Ademais, o Grupo Editorial Letramento nos fez a gentileza de reunir todos poemas em um belíssimo exemplar que será comercializado pela bagatela de R$24,90!

Então tá fácil, agora é só clicar na capa do livro (abaixo) e reservar o seu exemplar!

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Abraços!

Bruno Félix

Sobre a escrita

Não pensem que existe uma obsessão por publicar livros. Não sei se consigo explicar, mas hoje, a um passo de ter meu terceiro livro editado, o que bate em meu peito é uma angústia chata em substituição da velha e prazerosa ansiedade juvenil. Jogo a culpa no fato de o livro ser uma seleção de poemas: O poema que escrevi há três meses retrata o coração de um homem que deixou de existir há exatos três meses. O poema de ontem é do Bruno que existiu ontem.
Estaria pulando de alegria se pudesse escrever 50 poemas em um minuto e pegar o livro pronto ao entardecer. Mas no dia seguinte, esses poemas não me pertenceriam mais, seriam de qualquer pessoa que os levasse.
Estranha essa vida de habitar outros peitos.

Long Distance Blues

Talvez um beijo fira mais que a ausência
E a distância, antítese do abraço
Seja nossa forma de permanência
Diferentes canções no mesmo compasso

Há vida na arte do desencontro
Embora tenhamos nos encontrado
Foi onde morri recostado em teu ombro
A arte da vida é morrer tendo amado

De longe renasço e vejo que cresce
Em viço, cores, aromas e prece
Sinto a tua presença e te alimento

Teu riso me faz sentir alegria
Permite-me o sonho de que algum dia
Ausência não seja nenhum ferimento

Caixas

Meu peito é um sótão empoeirado
Onde ainda entram alguns feixes de luz
E onde guardo meus prazeres bem separados
Em caixas organizadoras etiquetadas
Com data, hora e prazo de validade
(Há muita coisa vencida por aqui…)

Essa bagunça toda que me atrapalha
Principalmente nos dias de faxina
São minhas dores
Que ficam aqui espalhadas
Sem etiquetas, sem validade
Acumulando um pó que me ataca a rinite

Há dias em que fico cismado
E espano a poeira
Tento encaixotar a bagunça
Mas ela transborda das caixas
Ou as infla até que explodam
Fazendo um estrondo tão grande
Que chega a derrubar algumas
Prateleiras de caixas etiquetadas

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Poema Classificado nº29

Essa semana saiu no jornal o #PoemaClassificado nº29. Série despretensiosa, mas que tem saído com certa regularidade, o que tem me dado bastante gosto: Além de tais poemas serem impressos no jornal local, já chegaram a várias cidades do Brasil estampados em postes, através de amigos que resolveram #EspalharPoesia por aí!

Por isso criei dois álbuns na página do Facebook (cliquem nos poemas abaixo para serem redirecionados).

Espero que gostem!

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