Malabarismos

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O excesso explicado através do mínimo.

Por isso escolhi um Haicai para ilustrar o momento:

Há duas semanas mergulhei de cabeça no projeto literário mais gostoso que já fiz até hoje, motivo de minha ausência por aqui. Enquanto me divirto com o malabarismo de conciliar trabalho, família, música, faculdade e escrita (meu heterônimo tem exigido textos diário e pontuais), tive o insight desse belo Haicai que datilografei assim que o tempo me permitiu.

PS: dia quente e corrido aqui no sudoeste de Minas Gerais.

Abraços múltiplos,

Bruno Félix

Dia do Escritor

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Foi exatamente agora, às 13:00h do dia 25 de julho de 2016 que descobri que hoje comemora-se o Dia Nacional do Escritor.

Deveria ser Feriado Nacional. Justifico com uma frase de José Saramago que sempre cito quando estou a fazer alguma apresentação literária: “Somos todos escritores, só que alguns escrevem, outros não”. Por isso digo que um feriado viria bem a calhar, pois todos precisamos de uma pausa e claro, uma homenagem no calendário.

Um feriado onde a leitura de um bom livro fosse obrigatória. Facultativo apenas o gênero literário, afinal é a diversidade de opiniões que nos torna todos escritores, não é mesmo?

Em uma palestra de Monja Coen, escritora que tive a honra de encontrar pessoalmente na Flipoços 2016, ela disse que quando discorda de algum escritor, ela escreve. E com um sorriso no rosto, concluiu: “Bonito isso, não é mesmo?”

Somos todos humanos, escreveremos sempre por linhas tortas. E seremos sempre leitores.

Bom, já sabem que adoro citações (quando concordo com elas, é claro), por isso quero encerrar essa singela homenagem com uma especial sobre o tema. Inspirem-se com o mestre Pablo Neruda: “Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca ideias.”

Abraços,

Bruno Félix

 

 

 

A criação em quatro noites

Era a música complexa
Demais para a noite
Para as criaturas da madrugada
E Deus disse: “Haja Blues”
Deus ouviu que o Blues era bom,
Viu que dançavam, bebiam, fumavam,
Amavam no embalo do som
Assim foi a primeira noite

Então Deus separou o simples
Do sofisticado. Deu a estes o sopro
E um belo teclado. Deu mais swing nos pés
E disse maravilhado: Faça-se o Jazz.
Passaram-se tarde e manhã
E nasceram mais melodias
Deus viu que aquilo era bom
Que a Criação era sã

Ora, Deus não quis que perdessem
Aquela bela harmonia no ar
Então no terceiro dia
Disse: “Ajuntem tudo num só lugar
As harmonias e melodias dos homens
Encham discos com as canções
Que sejam férteis e multipliquem-se!
Encham a Terra com a Boa Música.”

E Deus viu tudo o que havia feito
E tudo havia ficado muito bom
E na quarta noite a criação
Por si só fez um novo toque
E Deus, ouvindo tal emoção
Abençoou o inédito Rock
E dizendo assim o santificou:
Let there be rock! Let it roll, baby, roll

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A culpa é das estrelas?

Em um ponto, sou meio Gil: “Até que nem tanto esotérico assim…”
Porém, às vezes sinto que sou um raro, ou não tão raro exemplar da espécie, que reafirma a possibilidade dos astros interferirem cá em nossa vida.
A corda quebra no meio do palco e não tem uma de reserva, tiro de letra.
Tendinite, ou essa dor do joelho que apareceu e gostou de ficar.
Pode ser, que seja, tratemos disso tudo.
É uma gastrite, ok. A vida tem dessas coisas, pode ter sido os tequila (afinal, aqui se faz, aqui se paga). Tiro de letra.

Ah, seu mundo virou de ponta cabeça, as pessoas que você sempre amou te enganaram. Tudo bem, superarei.
O problema é que, dentre todas rasteiras que a vida pôde me aplicar, creio que a mais perversa aconteceu em 1983:
Nascer pisciano foi sacanagem.
Quando está feliz, chega a se questionar. Ou comemora demais, o que é sempre um erro.
Às vezes, quando está mal, logo quer meter um chumbo nos miolos. Mas não. Você é de peixes. Magoaria alguns. Faria sujeira. Afinal, quem vai querer recolher seus miolos?

Tiro de letra aqueles problemas elencados acima? Claro. É a vida, como cantou Frank. Mas aqui dentro, nesse mundo que só o pisciano conhece… Ah, eu morro de março a março.
Enfrentaria uma eternidade de altos e baixos se fosse, sei lá, de Sagitário.
Mas, por Deus! Tinha que ser de peixes?
Nem nos Cavaleiros do Zodíaco isso prestou, até pra bater nos outros o cara da última casa usava rosas.
De agora em diante, quando eu ver uma grávida querendo parir alguém entre 20 de Fevereiro e 20 de Março, vou gritar pro neném: “Aguenta mais uns dias aí dentro! Segura a onda, porque Áries é mais legal até em anime japonês!”

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