Soneto Natalino

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Esqueça esse papo de Papai Noel
Abra a janela, ou saia na rua
Escolha uma estrela brilhante no céu
Que possa ser minha e possa ser sua

Esqueça os pinheiros artificiais
Esqueça da lenda do homem da lua
Enfeites de plástico(todos iguais)
Escolha uma estrela que possa ser sua

Então a divida com qualquer pessoa
Porque a vida é uma faísca
E nenhuma chispa lampeja à toa

Porque essa noite é tão especial
Esqueça das luzes de pisca-pisca:
Contemple a Pura Luz do Natal

 

Bruno Felix

Sobre explicar um poema

As formas parabólicas de um poema não foram concebidas para serem explicadas posteriormente. Assemelham-se à grade de um confessionário, atuando como um filtro a turbar a vista dos interlocutores permitindo que o som/mensagem transite livremente à revelia dos demais sentidos que são distorcidos pela trama de madeira que divide os mundos. O inevitável odor de poeira e ocre nivela perfume de ricos e axila de pobres, de modo que todos que adentram a câmara em busca de compreender (sentir) as palavras/parábolas/paranoias poéticas podem se valer apenas do som e de um pouco da visão turva para receber um fluxo de sentimento (belo ou não) que o poeta eternizou através da linguagem escrita.

Escrever um poema é meter um microcosmo dentro da tal câmara escura, consciente de que o leitor que adentrar o espaço poderá eventualmente fitar sua íris entrecortada pelos vãos do biombo que os separa.