Seja Sol

— Mestre, qual o segredo para uma vida plena?
— Simples. Seja como o sol.
— Mas mestre, não é tão simples assim. Como iluminar o mundo tão obscurecido pelos vícios? Como aquecer os corações de todas as formas vivas? Como desenvolver tamanha sabedoria e tão notáveis poderes?
— Tolo! De onde tirou tais ideias?
— Mestre, com todo respeito, o senhor acabou de exortar-me a ser como o astro rei!
— Pois então obedeça! Seja como ele! Seja como o sol!
— Oh mestre, colocai em termos mais práticos para esse humilde aprendiz!
— Prestenção: Quer uma vida plena? Seja como o sol. Levante cedo e faça o seu serviço.

Lançamentos agendados!

A Menina e o Equilibrista, meu segundo livro, já tem as datas de lançamento definidas: Dia 19/04, no Unico Lounge Bar em São Sebastião do Paraíso/MG, o lugar mais aconchegante da cidade, ideal para falarmos de coisas amenas como literatura e cheiro de livro novo!

Clicando na imagem abaixo, você será redirecionado para a página do evento, onde constam todas as informações!17390599_270165403440688_1327815085610414834_o.jpg

Na sequência, seguirei para Poços de Caldas, dia 06/05, onde o livro também será apresentado e autografado durante um dos maiores e mais importantes festivais literários do país: o FLIPOÇOS (clique na imagem para visitar o site oficial e conhecer toda a programação, que, como de praxe está incrível):

17798919_1323595027707931_660429760061613917_n.jpg

Nos vemos lá!

Abraços!

Pra não dizer que não falei do Natal

03

 

 

 

 

 

 

 

Abre a janela e contempla
O saco de lixo na esquina
Abre a porta ao meio dia
Sente a brisa de ressaca
Sente os olhos cansados
De tanta luz
Iluminação
Não sai: antes, fecha a porta
E vasculha teu lar
Contempla a mesa
A lavadora de louça
Que não te permitiu a gratidão
De esfregar os pratos um a um
Abre a porta do refrigerador
E contempla
Contempla como está cheio
Do vazio dos restos
Que partilharam a sós
Entre teu glorioso sangue
Comendo até a exaustão
A sós
Sente a brisa fria
Do calor do teu peito
Abre uma long neck
E quando fechares a porta
Sente que fechas teu mundo
Bebe, respira fundo
Sente o fígado acarinhado
Olha pra tua família
E bendiz teu Natal encantado.

-Bruno Félix

Meu escritório em 30 segundos

Pequeno tour pelo meu escritório, ao som de Tom Waits.

Recebi uma notícia tão boa, mas tão boa, que não estou me aguentando de felicidade! Espero que em breve eu possa trazer um comunicado oficial.

“There are things I’ve done I can’t erase
I wanna look in the mirror and see another face
I said never but I’m doing it again
I wanna walk away and start over again!”

Um dia para recordar

wp_20161019_12_15_44_pro

Trinta anos atrás, formaram nesse local duas filas com as pequeninas crianças em primeira idade escolar: As meninas à esquerda e o os meninos à direita, todos apreensivos aguardando a chegada da professora. Tudo parecia muito grande e misterioso, afinal, ninguém sabia ao certo o que realmente aconteceria dentro da tal sala de aula. Pelo menos essa era a impressão de um dos meninos que estava entre os últimos da fila, bem ao lado de um canteiro com margaridas. A impaciência venceu o temor e a timidez do garoto que, com seu passo vacilante aproximou-se das margaridas e começou a despetalar uma flor, de maneira discreta e sem maldade, como um passatempo qualquer de criança.

Até que a professora chegou.

O menino parou assustado, temendo ser repreendido. Cláudia Dias, a jovem professora, apenas distribuiu sorrisos e cumprimentos, até tomar a dianteira da fila e conduzir os alunos ao primeiro dia de aula.

Dali em diante, todo o temor do menino se desvaneceu como as pétalas do jardim, que, de primavera em primavera se renovou. E de primavera em primavera, novas filas de alunos chegaram, novos mestres, novos tempos.

Retornei hoje ao colégio e, enquanto esperava o sinal para entrar na sala de aula, olhei pela janela e revi esse cenário, que fotografei. Revi o menino que esperava pela professora, um pouco assustado e ansioso, despetalando inocentemente uma das margaridas. Eu era aquele menino. De novo. Pois hoje eu não sabia ao certo o que aconteceria na sala de aula.

No sorriso que recebi de cada colaborador que me deu bom dia, pude ver o sorriso de tia Cláudia. Não há o que temer, pensei.

O sinal tocou.

Antes de ir conhecer meus alunos, lancei um último olhar sore a primeira sala de aula de minha vida e, para minha surpresa, no jardim tinha um canteiro com margaridas, no mesmo lugar.

Mentalmente, arranquei uma pétala “para dar sorte”, enxuguei minhas lágrimas e fui para a sala de aula.

 

 

Malabarismos

WP_20160729_14_22_34_Pro.jpg

O excesso explicado através do mínimo.

Por isso escolhi um Haicai para ilustrar o momento:

Há duas semanas mergulhei de cabeça no projeto literário mais gostoso que já fiz até hoje, motivo de minha ausência por aqui. Enquanto me divirto com o malabarismo de conciliar trabalho, família, música, faculdade e escrita (meu heterônimo tem exigido textos diário e pontuais), tive o insight desse belo Haicai que datilografei assim que o tempo me permitiu.

PS: dia quente e corrido aqui no sudoeste de Minas Gerais.

Abraços múltiplos,

Bruno Félix

Há um blues em cada esquina

WP_20160310_13_34_55_Pro.jpg

Existe um blues escondido em cada tapa
E nos olhos que se abrem de manhã sem ver um pão
Em cada dose que abrevia a vida ingrata
Existe um blues em cada esquina esperando uma canção

Está nos pés descalços que sangram na calçada
Está no corpo dolorido que não conhece um colchão
Está na fome que atravessa a madrugada
Existe um blues em cada esquina esperando uma canção

O jornal já não sente o que retrata
Enquanto algum poeta espera pela inspiração
Todos os dias a polícia morre e mata
Enquanto o blues de cada esquina não encontra uma canção

Está no corpo da menina explorada
Está na vida limitada pela falta de instrução
E tudo isso ecoa pela madrugada
Existe um blues em cada esquina esperando uma canção

O egoísmo e a intolerância matam
O poeta é um verme rastejando pelo chão
Num banquete os políticos se fartam
Eu ouço um blues em cada esquina, esperando uma canção


 

 

Ponto. Agora, mais trabalho.

       Ontem à noite, coloquei o ponto final no meu segundo livro. Na verdade, esse era para ser meu terceiro livro, pois, de acordo com meus planos, meu segundo livro seria de poesias novamente: “As Prodigiosas Maravilhas do Século XXI” -um projeto um tanto quanto audacioso. Tão audacioso que vai ficar para um futuro breve, mas prometo concluí-lo ainda nesse século!

        Voltando ao assunto do ponto final, quem me dera fosse tão simples assim! Agora é hora de mais trabalho: revisão, edição, contrato, capa, etc etc. Espero conseguir conciliar tudo e continuar publicando mais poemas por aqui (digo, com maior frequência) e ainda arranjar um tempo extra para sacudir a poeira da minha Stratocaster e subir novamente em alguns palcos.

WP_20160121_13_13_37_Pro

Palco

Quando eu subi no palco da vida
Não foi de destra nem de canhota
Tomei distância, vim correndo
Saltei e caí de cambalhota.
Desde então venho escrevendo
Esse drama, ora comédia:
Vitória, derrota, vitória, derrota…
Coleciono pouca glória,
Vitória, derrota, vitória.
Improviso em muitas cenas.
Derrota, vitória, derrota.
Não sei o quanto vale a pena
(AVISO: SPOILER)
Pois desde o começo eu sabia
Que na hora do Black Out
No aplauso da platéia
Na descida da cortina
Toda vida é uma tragédia.

_____________________

Ps: a ilustração que acompanha o post foi feita em caneta nanquim por Arthur F. Pádua, e faz parte do livro “O Busto de Adão e Outras Poesias!

10956989_769509016480286_6239154202094635641_o